Semana passada aconteceu a III Mostra Lugar de Mulher é no Cinema, aqui em Salvador, onde houve a exibição de curtas dirigidos ou protagonizados por mulheres, além de debates e workshops. Participei do workshop de roteiro com Amanda Aouad, professora e crítica de cinema.

Durante as aulas, ao adentrarmos na temática "gênero", refletimos sobre a atribuição (questionável) de gênero aos filmes e séries: comédia? drama? tragédia? fantasia? ficção?

Segundo Amanda Aouad, 

Não raro, encontramos filmes classificados como "comédia, drama" (!) ou "animação, aventura, comédia" ou ainda "comédia, drama, policial". Alguns dos filmes que concorreram ao Oscar também entram para essa categoria de multi-classificação.  (Ressalte-se que "drama" no contexto que estamos levantando é no seu sentido estrito, e não na acepção de "obra dramática".)

Mas afinal, não seria melhor classificar o filme ou a série pela intenção da obra e ajudar os consumidores de audiovisual a melhor selecionar o que querem assistir? Claro! Como bem escreve Cleise Mendes, no livro "A Gargalhada de Ulisses":

Mas a quem interessa perder público? Classificar uma obra dramática, mas que tem um eventual alívio cômico, como "gênero comédia" pode ampliar o público alvo (que vai sair frustrado do cinema, e não porque o filme é ruim, mas por conta do não alinhamento de expectativas). E daí vem nova estreia de filme, classificação equivocada, e lá está o público sendo enganado novamente.

Portanto, caro leitor, se você acha que as "comédias sem graça" que você assistiu eram sofisticadas demais pra você pegar as referências, saiba que não é nada disso. E eu compartilho da sua indignação.

Agora claro, existem comédias ruins que mais parecem um drama pela tristeza que é o roteiro. Mas aí já é outra questão.