Emmys pelo Zoom, muito parecido com o cenário do Pânico na Jovem Pan

1. Melhor série de comédia: Ted Lasso (Apple TV+)

2. Melhor ator de comédia: Jason Sudeikis (Ted Lasso, o próprio)

Jason Sudeikis de Ted Lasso: uns com tanto, outros com tão pouco.

3. Melhor atriz de comédia: Jean Smart (Deborah Vance em Hacks)

Jean Smart belíssima recebendo o Emmy´s de melhor atriz de comédia (mas não foi dessa vez que ela ganhou a dobradinha como atriz coadjuvante de drama)

4. Melhor ator coadjuvante de comédia: Brett Goldstein (Roy Kent, de Ted Lasso)

5. Melhor atriz coadjuvante de comédia: Hannah Waddingham (Rebecca Welton, de Ted Lasso)

Brett Goldstein e Hannah Waddingham vencedores do Emmy´s de melhor ator/atriz coadjuvantes por Ted Lasso. É marmelada?

6. Ator convidado em série de comédia: Dave Chappelle (Saturday Night Live).

O Dave Chappelle não foi à cerimônia do Emmy Awards receber o prêmio este ano.

7. Atriz convidada em série de comédia: Maya Rudolph (Saturday Night Live)

Maya Rudolph não foi à cerimônia presencial, mas fez o seu discurso pelo Zoom (certíssima, amiga, que aglomerar numa hora dessas o quê)

8. Melhor direção em série de comédia: Hacks

9. Melhor roteiro de comédia: Hacks

Roteiristas de Hacks bem lindos enchendo o bucho de troféu

10. Melhor ator em curta de comédia: J.B. Smoove (Mappleworth Murders)

J.B. Smoove tentando escutar o barulho do mar no seu Emmy que ganhou pela sua atuação na comédia Mappleworth Murders

11. Melhor atriz em curta de comédia: Keke Palmer (Turnt up with the Taylors) 

Keke Palmer divando no Met Gala desse ano, mas nem pisou no Emmy´s. Prioridades.

12. Melhor talk-show: Last Week Tonight with John Oliver

Quem ganhou mais troféu? John Oliver, Ted Lasso ou Hacks? Eu nem contei, mas tenho certeza que foi Saturday Night Live, como todos os anos.

13. Melhor programa de esquetes: Saturday Night Live

14. Melhor direção de programa de variedades: Saturday Night Live

Uma foto do Lorne Michaels, produtor do SNL, para ilustrar todas as categorias do SNL vencedoras do Emmys

15. Melhor direção de um especial: Bo Burnham: Inside (Netflix)

Especial de comédia Bo Burnham: Inside, surpreendeu no Emmy´s

16. Melhor roteiro de programa de variedades: Last Week Tonight with John Oliver

17. Melhor roteiro de um especial: Bo Burnham: Inside (Netflix)

Coloquei WandaVision como comédia, sim. Preciso fazer um post desta belezura.

The Flight Attendant ganhou música-tema, mas a gente quer ver o lookinho da Kaley Cuoco

Imagem da série The Conners, que ganhou melhor edição multi-camera, e eu como boa editora que fui/sou valorizo o job

Daysha Broadway, Stephanie Filo e Jess Hernández, as editoras poderosas e premiadas por A Black Lady Sketch Show

Bam! É com esta afirmação que eu começo este post necessário, baseado na tese (maravilhosa!) da Melina Meimaridis (doutora em comunicação pela UFF) sobre Comfort Series. A tese explora o conceito de Comfort Serie dentro da chamada Feel Good Television, atribuindo importância sociológica ao tema, uma vez que a ficção tratada nas comfort series organiza de uma certa forma a realidade, reforçando a segurança e a confiança do telespectador nas instituições sociais frente ao caos do mundo contemporâneo. 

Neste post, resumiremos os principais pontos que você precisa saber sobre comfort series (e que todos os outros sites e blogs concorrentes não sabem, pois insistem em enquadrar comfort serie como "aquela série que você não precisa pensar" ou "para assistir repetidas vezes sem enjoar" ou ainda "para rir sem compromisso").

Então vamos lá!

1. Mundo social ordenado

Em primeiro lugar, a pesquisa parte do contexto das séries estadunidenses, cujo american dream é promovido. Nesse sentido, a construção de mundo nas referidas séries se dá de forma ordenada para sustentar o american dream (ou os ideias dominantes de uma sociedade, de forma mais generalizada, como por exemplo a ideia de que as oportunidades de ascensão social e material estejam ao alcance dos personagens, bastando eles terem coragem, talento e se esforçarem para tanto). Enquanto você tem um dia difícil de trabalho, ao ligar a TV e ver a Rachel de Friends conseguindo emprego em Paris ao topar com um amigo na rua, você diminui a sua ansiedade porque você acredita nas instituições sociais ficcionais de que as coisas em algum momento vão dar certo.

As instituições sociais ficcionais são as delegacias, os hospitais, o Poder Judiciário, a família, a escola, a igreja, e tantas outras instituições reais que são representadas nas séries, mas de maneira ficcional. Apesar de serem representadas na ficção de forma idealizada (definindo como as coisas são e como as coisas devem ser), estão conectadas com as instituições sociais reais, na medida em que ajudam a construir uma expectativa e um imaginário sobre elas.

A família em Full House, o ambiente de trabalho em The Office e o serviço político administrativo em Parks and Recreation são as instituições sociais ficcionais representadas nas séries

Ao definirem as "regras do jogo" de como uma instituição social ficcional funciona, as comfort series reiteram uma metanarrativa de ordem e segurança associada às essas instituições.

As instituições sociais ficcionais reiteram mitos de profissionais como heróis, altruístas e éticos. Reforçam, ainda, valores como a ética trabalhista, a felicidade suburbana, os valores cristãos, dentre outros. A narrativa mítica segue uma lógica de articulação de uma estrutura binária de bom x mau, egoísmo x altruísmo etc., conduzindo, por meio da repetição, a uma repressão das contradições, incertezas e ambiguidades.

2. Dinâmica repetitiva que intercala momentos de equilíbrio, desequilíbrio e reequilíbrio

Em segundo lugar, para que o mundo ficcional fique ordenado existe uma dinâmica de repetição, permitindo certa previsibilidade. Com essa previsibilidade, a comfort serie pode abordar os mais diversos anseios existenciais ou conflitos cotidianos (morte, perda de emprego, perversidade humana), pois em dado momento (no mesmo episódio ou ao longo da temporada) eles serão resolvidos, reequilibrando o mundo social da ficção. Nesse sentido, Melina Meimaridis enquadra séries como Grey´s Anatomy, Criminal Minds e Law & Order: SVU na categoria comfort. Ao final de cada episódio de SVU, por exemplo, a equipe de policiais e promotores é bem sucedida na resolução do crime, embora essa solução seja sempre provisória, já que novos episódios trarão novos conflitos a serem resolvidos. 

Episódio "Comic Perversion" de Law & Order: SVU. Comediante polêmico faz piadas sobre estupro depois de ter sido acusado de estupro. Clima tenso que a diva Olivia Benson e sua equipe vão ajudar a resolver

Nessas narrativas, os personagens enfrentam desequilíbrios, que podem ser: pontuais (em um episódio), como por exemplo no episódio "Spoiler Alert" (03x08) de How I Met Your Mother, em que as manias dos amigos e da namorada do personagem Ted são expostos, e ele ou as aceita em nome do amor ou corta relações; prolongados (ao longo de uma ou mais temporadas), como é o caso da gravidez que se apresenta em Jane The Virgin; ou estruturais, que são desequilíbrios constantes que dão fôlego à narrativa e estão relacionados às próprias instituições sociais ficcionais, como é o caso dos conflitos de família em Modern Family (como por exemplo a dificuldade de relacionamento entre Phil e o seu sogro, Jay; os desentendimentos constantes entre o casal Mitch e Cam, ou a briga entre os irmãos Dunphy).

Desentendimento amoroso em um episódio de How I Met Your Mother; gravidez ao longo da temporada de Jane The Virgin; e conflito familiar constante em Modern Family (família como instituição social ficcional)

Assim, o mundo das comfort series é organizado e contínuo, com elementos compartilhados com o mundo cotidiano dos espectadores, mas com "garantias" (que são os chamados portos seguros): a desordem e o caos existem na narrativa, mas são em seguida ordenados (ou reorganizados) com o alcance de um ideal social (diferente do que acontece na vida real, onde nem sempre o ideal é alcançado, e a desordem e o caos imperam). O que ajuda a organizar o caos são as instituições sociais ficcionais.

3. Resolução simplista de conflitos 

Em terceiro lugar, os conflitos levantados na comfort serie têm uma resolução bem definida, também considerada uma "pseudo" resolução, de modo a sustentar o american dream de uma história conduzida para o sucesso.

Um exemplo disso é a personagem Rachel, de Friends, que começa a série fugindo do seu casamento, arranja emprego no Central Perk, pede demissão da cafeteria, no mesmo episódio consegue outro emprego, no episódio seguinte vai trabalhar na Bloomingdale´s sem experiência profissional em moda, consegue alcançar a gerência da Ralph Lauren, é despedida e ao esbarrar em um amigo consegue emprego na Louis Vuitton de Paris. Nesse meio tempo, Rachel engravida e se torna mãe solo sem viver o drama de conciliar carreira e maternidade.

Rachel Green é mãe solo enquanto vive o sonho do pleno emprego

Outro exemplo está na série Gilmore Girls. A trajetória da personagem Lorelai Gilmore incorpora o mito do "american dream" e do "self-made man", por ter engravidado aos 16 anos, saído de casa, arranjado um trabalho como empregada de uma pequena pousada e, com todo o seu trabalho duro e determinação, conseguiu ser dona da sua própria pousada.

Gilmore Girls traduzem o sonho americano de que tudo pode ser, só basta acreditar

Não há frustração de longo prazo. Os conflitos complexos são resolvidos de forma simples e a vida segue. O espectador quer acreditar que a vida pode seguir de forma simplificada, para confortar as suas emoções, sendo esta uma sensação que as séries mais "sofisticadas" não se propõem a produzir.

As comfort series não deixam de ser mecanismos que auxiliam no enfrentamento da ansiedade, uma vez que seu telespectador passa a se sentir bem e principalmente seguro.

O conforto das comfort series seria produzido, portanto, pela sensação de segurança e organização da realidade.

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Referências:

MEIMARIDIS, Melina. "Comfort Series": teoria para além da TV de qualidade. (p. 157-168)

MEIMARIDIS, Melina. "One Chicago: instituições ficcionais e Comfort Series na televisão estadunidense". Afonso de Albuquerque, orientador. Tese (doutorado) - Universidade Federal Fluminense. 350 f. Niterói, 2021.

Esta semana eu participei da live "Papelando" no instagram, a convite do amigo Paulo Papel, conhecido na Bahia por atuar em esquetes de humor no Youtube (+1Filmes), e que agora está investindo na carreira de comediante stand-up. O que Papel não percebeu é que enquanto ele me entrevistava eu também entrevistava ele de volta.

Confiram a seguir 4 lições de comédia que a gente pode aprender com Papel:

1. Tire proveito do seu nome

Como todos podem imaginar (ou não) Papel é apelido. Segundo Paulo, o apelido veio em razão dele ser fino e branco como um papel. No entanto, Papel tirou proveito do apelido para firmar seu nome artístico na comédia, além de criar nomes de shows (La Casa de Papel) e outras vertentes, como a live do instagram (Papelando).

Quem é que não quer ver um stand-up desses?

Se você tem um nome, sobrenome ou apelido bastante característico, não se esquive dele, jogue a seu favor. Além da criatividade, isso ajuda a consolidar a sua própria marca.

2. Construa uma persona

Papel construiu uma persona de tal maneira que, quando ele sobe ao palco ou aparece em uma esquete, o público já está familiarizado com a sua história, sendo possível desenvolver histórias derivadas de forma mais fluida, sem precisar partir do zero. É o caso do Afonso Padilha: todos sabem (ou deveriam saber) que seu pai saiu para comprar cigarro e não voltou. No caso de Papel, todos sabem (ou deveriam saber) que ele é virgem (de signo?) e tem dificuldade para conquistar mulheres.

Ao ser questionado sobre a possibilidade de um dia o jogo virar e ele deixar de ser virgem de signo, Papel sabe que isso não irá afetar sua credibilidade no stand-up, pois a história será abordada mantendo a coerência da persona que ele construiu e quem sabe até poderá mandar um plot twist no palco.

3. Seja gentil com seus colegas

Além de carismático, Papel respeita os seus colegas comediantes mais famosos e os iniciantes, promovendo a sua turma de Camaçari (BA), estimulando quem está em início de carreira e não criticando quem já está consolidado na comédia. Para além disso, Papel tem a sensibilidade de dar sempre uma segunda chance para uma comédia que não agradou de início ("às vezes a gente não está na vibe naquele momento" - diz).

À esquerda, Papel prestigiando a comediante Bruna Louise, apresentadora do Comedy Central. À direita, Papel me entrevistando, eu que ainda sou do underground da comédia.

4. Se jogue

Papel não tem medo de experimentar na comédia, se colocando à disposição para subir aos palcos, atuar para as câmeras, improvisar, arriscar uma dancinha, jogar para a plateia. Papel também sempre busca agir de forma autêntica, sem se importar com o que os outros vão pensar dele. Mais: durante a pandemia, Papel experimentou novas formas de fazer stand-up, inclusive online pelo Zoom com o microfone da plateia aberto para poder ouvir as risadas (e os celulares apitando). Essa experiência, meus amigos, é uma verdadeira instalação de arte.

Papel fazendo stand-up vestido de mosquito da dengue; nos bastidores das esquetes e usando rosa

*Informações bônus:

Esquetes: como a +1 não produz mais as esquetes de comédia e todo mundo sempre pergunta quando é que vai ter mais vídeos, Papel disse que está pensando num projeto com a turma, então vamos acreditar que vem coisa boa por aí.

Youtube: Paulo Papel

Instagram: @opaulopapel

Ted Lasso, da Apple TV, está bombando porque foi indicada a vários Emmys.

A série tem o futebol como pano de fundo, já que o destaque mesmo é a empatia do treinador Ted Lasso. O personagem Ted Lasso (com a interpretação fantástica do ator Jason Sudeikis) é gigante para própria a série. O roteiro em si é bem juvenil.

Mas considerando que o tema é futebol e os criadores, roteiristas e diretores são todos homens (o próprio Jason Sudeikis é co-roteirista da série), será que eles conseguiram escrever um roteiro não machista o suficiente para passar no teste de Bechdel? (olha a polêmica, olha a problematização, uuuu).

"O teste de Bechdel questiona se uma obra de ficção possui pelo menos duas mulheres que conversam entre si sobre algo que não seja um homem. Algumas vezes se adiciona a condição de que as duas mulheres tenham nomes. Muitas obras contemporâneas falham no teste, que é um indicativo de preconceito de gênero."

Vamos agora aos fatos! Uma obra para ser aprovada no Teste de Bechdel deve cumprir os seguintes requisitos:

1. Ter pelo menos duas mulheres

Sim! Nessa fase, Ted Lasso passou com folga. Não só tem mais de duas mulheres, como as personagens de Hannah Waddingham (Rebecca Welton) e June Temple (Keeley Jones) merecem destaque na trama.

Michelle Lasso, Rebecca Welton, Keeley Jones, Flo "Sassy" e Bex são algumas das mulheres da primeira temporada

2. Elas conversam uma com a outra 

Siiim! Em especial, Rebecca e Keeley que contracenam com frequência nos episódios.

Keeley Jones e Rebecca

3. Sobre alguma coisa que não seja um homem 

Nãooo! De todas as interações entre mulheres na primeira temporada de Ted Lasso, 99% começaram ou terminaram falando de homens.

Elas só pensam... "naquilo".

Até na cena em que vc acredita que Keeley e Rebecca vão conversar apenas sobre futebol, Keeley acaba  revelando que do que ela gosta mesmo é do jogador Roy Kent.

Apesar disso, Ted Lasso (o personagem) é inspirador. Dá para pautar a vida pensando "o que Ted Lasso faria nessa situação?" para qualquer situação. Recomendo.

Pegando carona nas Olimpíadas do Japão, o post de hoje é sobre uma comediante icônica japonesa: Naomi Watanabe.

Naomi Watanabe, também conhecida como Beyoncé do Japão

Com 9,5 milhões de seguidores no instagram (@watanabenaomi703), a comediante é queridinha no Japão, fazendo propaganda de tudo quanto é produto e seu nome foi usado até para batizar um trem. Ficou famosa por parodiar Beyoncé e Lady Gaga aos 20 anos de idade, e hoje, com 33 anos, já ganhou espaço na indústria japonesa do "owarai tarento", que é um segmento de comediantes consagrados que participa de programas de variedades na televisão, fazendo esquetes, comentários, piadas, e primordialmente dominado por homens. Pelo meu entendimento, a título de comparação, corresponderia a participações em shows como no Saturday Night Live, nos Estados Unidos (Luiz França, se você estiver lendo isso, me axuda).

Além da comédia, Watanabe abriu espaço também no mundo fashion, lançando a sua própria marca de roupas plus size. A atriz americana Lena Dunham chegou a chamar Watanabe de "radical" por se destacar com moda plus size num país onde o que predomina é o padrão magro e pequeno. Watanabe se tornou uma ativista e porta-voz da promoção do corpo sem usar o seu sobrepeso como punchline de piada.

Linkando com o tema Olimpíadas de Tokyo, o diretor criativo da cerimônia de abertura, Hiroshi Sasaki, propôs que Naomi se vestisse de porco para interpretar uma "Olympig" (mistura de Olimpíadas com porco, em inglês). Naomi não só recusou a proposta indecente, como se mostrou extremamente frustrada com o eventual impacto que esse tipo de incidente pode causar no sentimento de outras pessoas. Depois disso, o diretor criativo renunciou o cargo.

Espero que isso se torne um catalisador para a mudança. Eu uso meu corpo para me expressar positivamente e espero que outros façam o mesmo. - Naomi Watanabe

Por conta das barreiras do idioma, Watanabe se mudou recentemente para os Estados Unidos para aperfeiçoar o inglês e poder se comunicar melhor com o mundo que não entende japonês. O mundo, com certeza, agradece.

No insta, Naomi já se mostra bem adaptada ao estilo NYC

Deixo vocês com uma dancinha da Watanabe junto com a Turma da Mônica Toy do Japão, já que traduzir piada japonesa ainda não é o meu forte:

Joan Rivers usava o bordão "Can we talk?" para abrir seu coração na comédia

No último post, foi abordado o conflito de gerações entre comediantes da geração baby boomer, y, millennial e z. E acabei citando a Joan Rivers, que era de uma geração anterior aos baby boomers: a geração silenciosa.

A geração silenciosa, nascida entre 1925 e 1945, vivenciou a Grande Depressão de 1929 e a II Guerra Mundial, precisando trabalhar duro para reconstruir o mundo para a sua própria sobrevivência, mas de cabeça baixa e sem correr grandes riscos. Diante de grandes traumas mundiais, o que essa geração menos queria era enfrentar uma nova luta contra o sistema, mas sim trabalhar dentro das regras, o que gerou a eles uma vida financeira muito confortável.

Nesse contexto, nascida na cidade de Nova York, em 1933, Joan Rivers é uma integrante da geração silenciosa que saiu da curva. Mulher, comediante, fazia graça de fatos considerados tabus até para as gerações posteriores. Formou-se em literatura e antropologia e quando começou a fazer stand-up usou o nome de guerra "Pepper January" para se apresentar (te entendo, amiga. Se hoje ainda existe preconceito contra mulher que faz piada, imagina naquela época). 

No entanto, com a chegada dos anos 70 e do movimento feminista, as comediantes das novas gerações passaram a rejeitar Joan Rivers por considerar seu senso de humor pré-feminista e autodepreciativo para a mulher (ou seja, essas mulheres, que estavam fazendo carreira no stand-up graças ao pioneirismo de Rivers, estariam cuspindo no próprio prato). Mais uma vez, fica o meu apelo pela harmonia entre as gerações, ao invés do conflito. 

Foi a primeira mulher a comandar um talk-show: The Late Show with Joan Rivers, já no ano de 1986.