Da geração silenciosa: Joan Rivers

By Lu Xavier - julho 19, 2021

Joan Rivers usava o bordão "Can we talk?" para abrir seu coração na comédia

No último post, foi abordado o conflito de gerações entre comediantes da geração baby boomer, y, millennial e z. E acabei citando a Joan Rivers, que era de uma geração anterior aos baby boomers: a geração silenciosa.


A geração silenciosa, nascida entre 1925 e 1945, vivenciou a Grande Depressão de 1929 e a II Guerra Mundial, precisando trabalhar duro para reconstruir o mundo para a sua própria sobrevivência, mas de cabeça baixa e sem correr grandes riscos. Diante de grandes traumas mundiais, o que essa geração menos queria era enfrentar uma nova luta contra o sistema, mas sim trabalhar dentro das regras, o que gerou a eles uma vida financeira muito confortável.


Nesse contexto, nascida na cidade de Nova York, em 1933, Joan Rivers é uma integrante da geração silenciosa que saiu da curva. Mulher, comediante, fazia graça de fatos considerados tabus até para as gerações posteriores. Formou-se em literatura e antropologia e quando começou a fazer stand-up usou o nome de guerra "Pepper January" para se apresentar (te entendo, amiga. Se hoje ainda existe preconceito contra mulher que faz piada, imagina naquela época). 



Joan frequentava clubes de comédia no famoso Greenwich Village, ao lado de Woody Allen, Georgi Carlin e Richard Pryor. No entanto, ao passo que seus colegas homens ganhavam notoriedade em rede nacional, Joan lutava por espaço, sem reconhecimento. Seu agente chegou a dizer que ela estaria velha demais para a comédia, aos 30 anos de idade. Dizem que foi Lenny Bruce que a encorajou a continuar.


No entanto, com a chegada dos anos 70 e do movimento feminista, as comediantes das novas gerações passaram a rejeitar Joan Rivers por considerar seu senso de humor pré-feminista e autodepreciativo para a mulher (ou seja, essas mulheres, que estavam fazendo carreira no stand-up graças ao pioneirismo de Rivers, estariam cuspindo no próprio prato). Mais uma vez, fica o meu apelo pela harmonia entre as gerações, ao invés do conflito. 


Foi a primeira mulher a comandar um talk-show: The Late Show with Joan Rivers, já no ano de 1986


Nos anos 90, passou a ser conhecida por entrevistar celebridades de forma divertida nos tapetes vermelhos de premiações, culminando no programa de maior sucesso: Fashion Police, dos anos 2000. 


Edificando na fofoca: conhecida por ter feito inúmeras cirurgias plásticas, Joan Rivers operou o nariz com o mesmo cirurgião plástico que operou o nariz de Michael Jackson.


Sem ter se aposentado, Joan faleceu em 2014, aos 81 anos, por conta de uma cirurgia de garganta. Foi uma carreira de muita resiliência.

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