Comédia Mumblecore

By Lu Xavier - junho 24, 2021





Sinceramente, eu não sei se existe uma estética mais indie no cinema do que o movimento mumblecore (mumble = sussurrar). Ou traduzindo direto do Google Tradutor (que tá virando uma barsa): 
Um estilo de filme de baixo orçamento tipicamente caracterizado pelo uso de atores não profissionais e performances naturalísticas ou improvisadas
Parece aquele canal do youtube que faz esquetes e tem menos de 100 inscritos. Mas não! Tem que ser de propósito. Se seu canal não tem orçamento, não pode chamar deliberadamente de mumblecore. "É parte uma categoria econômica, parte um estilo e parte um discurso". Entendeu?

Além dos atores menos conhecidos, a característica marcante está na fala: um fluxo de conversa em baixo volume (mumble), em oposição ao glamour e à eloquência das grandes produções. Hesitações, pausas e silêncios (me parece conseqüência de uma era em que nos comunicamos por figurinha de zap). Alguns chamam de "Indie 2.0", apontando ainda a "sinceridade" como marca da estética.

Aí vc pensa: "que legal então, uma produção mais natural, mais gente como a gente". E a segunda coisa que vc pensa é: "cadê? Quero ver!"
Pois é, meusa migos. O mumblecore é tão indie, mas tão indie que é difícil encontrar pra assisitr. Até hoje eu tento encontrar pelos becos da internet o famoso filme "Funny Ha Ha". Pois Funny Ha Ha (2002), do diretor Andrew Bujalski, foi considerado o primeiro filme que iniciou o movimento mumblecore. Depois disso foi só ladeira abaixo acima. 

E qual é a graça? A graça é ganhar prêmio. O público que se rale.

Mas peraí que eu tenho uma série acessível (de comédia/drama, rs - eu sempre vou rir qdo citar comédia-drama como gênero único) pra indicar pra vocês: Easy (Netflix)

A série foi criada, escrita, dirigida e produzida por Joe Swanberg, que é do mitiê mumblecore (inclusive, só o fato de escrever, dirigir todos-os-episódios e produzir já entra no pacote do-it-yourself do cinema indie). Apesar de não ter baixo orçamento e ter alguns atores conhecidos, como Orlando Bloom (mas fazendo papel de gente como a gente e sem grandes protagonismos), a atuação é casual, e tem foco nos personagens e nos relacionamentos (outra característica).

Easy, da Netflix, com Marc Maron, que a gente ama, no elenco.

É uma série moderninha sobre relacionamentos, que se passa em Chicago e blá blá (a sinopse vcs pegam em sites mais especializados que o meu, mas eu prefiro dar o play e evitar spoilers - se é que existem spoilers em Easy). Uma coisa eu garanto pra vocês: se não curtirem Easy (que na minha opinião é ótimo), nem insistam mais em nada de mumblecore (sério, já assisti muita coisa do mumblecore raiz e posso afirmar que desce quadrado, just warning).

Mas caso você realmente queira se aventurar e procurar mais coisas do subgênero, aí vai uma pequena lista de cineastas: Greta Gerwig, Lena Dunham; Joe Swanberg, Aaron Katz, Andrew Bujalski; Mark and Jay Duplass; Lynn Shelton.

Lembrando que nem todo mumblecore é comédia.

Alguns dos filmes classificados como comédia (não garanto): Computer Chess (Andrew Bujalski); Mutual Appreciation, 2005 (Andrew Bujalski); East of Eden, 2012 (Victor Quinaz); Box Elder, 2008 (Todd Sklar); Periods., 2012 (Victor Quinaz); Results, 2015 (Andrew Bujalski); Lola Versus (Greta Gerwig).


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Referências:
JOHNSTON, Nessa. Teorizando o som "ruim": o que põe o mumble no mumblecore? Tradução de Ramayana Lira de Sousa. Revista Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual. Vol. 5, n.1. Jan-Jun 2016.
SCHLOTTERBECK, Jesse. Reviewed Work: Indie 2.0: Change and Continuity in Contemporary American Indie Film by Geoff King. - Film Criticism, Vol. 39, No. 3 (Spring, 2015), pp. 78-81.




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